Cada um de nós tem uma história, cada pai tem uma história, e cada uma tem a sua ‘lindeza’. Hoje, pelo dia dos pais, pensei em fazer uma confidência a vocês. Contar um pouco da minha história com meu pai. Ou de algumas lembranças que tenho dela.
Eu chegando em casa depois da hora marcada e meu pai, ainda acordado, só me chamou do quarto:
_Claudia, quantas horas são, minha filha? … Você acha isso certo?
Bastou. ⚠️
Eu engolia o choro e mal dormia, com a consciência pesada.
Hoje eu choro quando ele interna com arritmia, quando tem que investigar uma anemia, quando começa a andar mais lento por causa da artrose, dor e deformidade dos joelhos. E me inquieto com a fraqueza das pernas (que só piora), com a dificuldade em aceitar fazer exercícios e o risco de quedas. E fico a noite em claro pensando nas noites que ele não dorme por ter apneia do sono e não usar o aparelho (e nas repercussões que isso trás) .
E me orgulho, quando penso em todo o trabalho que tive para estudar, me formar e trabalhar; o quanto ele me estimulou e o quão mais difícil foi a história dele:
🔹 Vir do sertão para BH se tratar de tuberculose aos 18 anos – e fazer dessa doença a oportunidade para, só então, começar a estudar. E ainda conseguir se formar médico. Conhecer minha mãe. Se tornar meu pai. Pois é, cada pai tem a sua história… Qual é a história do seu pai?
Para não falar do tudo que você é, digo: Você é um charme. Ainda bem que se apaixonou por quem se apaixonou há 50 anos atrás.
E hoje, em homenagem a você e a todos os pais, posto aqui esse poema do Mário Quintana, escolhido com muito carinho! Se você quiser ler mais 10 poemas lindos sobre pais, sugiro esse post da Revista Bula. Vale a pena. Mas, agora, vamos ao Quintana!
As tuas mãos têm grossas veias como cordas azuis
sobre um fundo de manchas já cor de terra
— como são belas as tuas mãos —
pelo quanto lidaram, acariciaram ou fremiram
na nobre cólera dos justos…
Porque há nas tuas mãos, meu velho pai,
essa beleza que se chama simplesmente vida.
E, ao entardecer, quando elas repousam
nos braços da tua cadeira predileta,
uma luz parece vir de dentro delas…
Virá dessa chama que pouco a pouco, longamente,
vieste alimentando na terrível solidão do mundo,
como quem junta uns gravetos e tenta acendê-los contra o vento?
Ah, Como os fizeste arder, fulgir,
com o milagre das tuas mãos.
E é, ainda, a vida
que transfigura das tuas mãos nodosas…
essa chama de vida — que transcende a própria vida…
e que os Anjos, um dia, chamarão de alma…
(Mário Quintana, in ‘Esconderijos do Tempo’)
Seja muito bem-vindo ao meu blog. Um espaço onde compartilho todo o meu conhecimento sobre o universo da terceira idade. Fonte de inspiração para bem cuidar de um idoso. Boa leitura.