Recentemente, muitas matérias sobre o uso de Cannabis medicinal em idosos com doença de Alzheimer têm circulado por diversos meios de comunicação, incluindo relatos de caso com reversão dos sintomas cognitivos. Entretanto, é importante salientar que essas notícias são baseadas em relatos de caso que não permitem avaliar a eficácia e segurança de nenhum tratamento.
“Matérias sobre o uso de cannabis medicinal em idosos com doença de alzheimer têm circulado por diversos meios de comunicação, incluindo relatos de caso com reversão dos sintomas cognitivos. Entretanto, é importante salientar que essas notícias são baseadas em relatos de caso que não permitem avaliar a eficácia e segurança de nenhum tratamento.”
A demência é uma condição crônica comum, acometendo principalmente idosos, caracterizada por declínio cognitivo e funcional, e por vezes com sintomas neuropsiquiátricos que impactam profundamente a qualidade de vida das pessoas com demência e seus cuidadores.
Qual a posição da SBGG sobre a utilização de cannabis medicinal em pacientes com demência? “Até o momento, os tratamentos médicos para os sintomas cognitivos e comportamentais associados às demências são limitados e a pesquisa de novas alternativas terapêuticas é de extrema importância…”
E os canabinóides? “Estão sendo investigados para o tratamento da demência com resultados não uniformes até o momento. Uma revisão sistemática da Cochrane que inclui dados de quatro ensaios clínicos de pequena duração não mostrou benefício para pacientes com demência.(1)
“Outra revisão conduzida pela Associação Brasileira de Neurologia concluiu que não há evidências científicas que apoiem o uso dos canabinóides para o tratamento dos sintomas cognitivos ou neuropsiquiátricos da doença de alzheimer, tampouco para a reversão ou estabilização da doença, que apresenta evolução progressiva.(2)”
” De acordo com a evidência científica atual, o uso de terapias medicamentosas à base de cannabis não é aprovado como um tratamento que modifique a história natural das demências, incluindo a doença de alzheimer. Evidências científicas limitadas sugerem que a cannabis medicinal pode ser eficaz no controle de sintomas neuropsiquiátricos associados à demência, como por exemplo, agitação, desinibição, irritabilidade, comportamento motor aberrante, distúrbios de comportamento noturno e vocalização aberrante.(3)”
“Há a necessidade de mais ensaios clínicos randomizados e controlados com placebo para confirmar a eficácia da cannabis medicinal na melhora dos sintomas cognitivos e comportamentais associados à demência. Estes estudos também devem explorar os efeitos adversos associados a essa medicação, visto que os ensaios clínicos realizados até o momento deixam dúvidas sobre a segurança dos canabinóides em populações vulneráveis, como em idosos com demência.(1)”
Sendo assim, de acordo com a evidência cientifica atual, o uso de terapias medicamentosas à base Cannabis não é aprovado como um tratamento que modifique a história natural das demências, incluindo a doença de Alzheimer. Evidências científicas limitadas sugerem que a Cannabis medicinal pode ser eficaz no controle de sintomas neuropsiquiátricos associados à demência, como por exemplo, agitação, desinibição, irritabilidade, comportamento motor aberrante, distúrbios de comportamento noturno e vocalização aberrante.(3)
Entretanto, devido a limitações metodológicas desses estudos, que incluem baixo número de participantes e período curto de acompanhamento, há a necessidade de mais ensaios clínicos randomizados e controlados com placebo para confirmar a eficácia da Cannabis medicinal na melhora dos sintomas cognitivos e comportamentais associados às demência (1,4). Estes estudos também devem explorar os efeitos adversos associados a essa medicação, visto que os ensaios clínicos realizados até o momento deixam dúvidas sobre a segurança dos canabinóides em populações vulneráveis, como em idosos com demência.(1)
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Rio de Janeiro, 03 de outubro de 2023.